O Papel da Educação e dos Professores na Visão de Lênin
O Papel da Educação e dos Professores na Visão de Lênin
Para Vladimir Ilitch Lênin (1870-1924), a educação era uma ferramenta indispensável para a emancipação do proletariado. Ele via o professor como uma peça central na construção da nova sociedade socialista, contrapondo-se ao papel que a escola desempenhava sob o domínio burguês. Em diversos textos, Lênin criticou a educação tradicional e defendeu um modelo de ensino alinhado com os interesses da revolução.
No capitalismo, argumentava Lênin, a escola serve para perpetuar a submissão dos trabalhadores. Em As Tarefas das Juventudes Comunistas (1920), ele defendeu que o ensino deveria capacitar os jovens para entender e aplicar conscientemente os princípios do comunismo, e não apenas decorá-los. Para ele, a assimilação crítica do conhecimento humano acumulado era fundamental para que o comunismo não fosse uma simples doutrina repetida mecanicamente.
A necessidade de uma cultura proletária, livre da ideologia burguesa, também foi um tema recorrente em seus escritos. Em Sobre a Cultura Proletária (1920), Lênin argumentou que a educação deveria estar intimamente ligada ao processo revolucionário e à construção da nova sociedade. Esse pensamento influenciou diretamente a política educacional soviética, que buscou reformular o ensino para atender às necessidades do proletariado.
Além disso, ele denunciava a aparente neutralidade da educação tradicional. Em O Estado e a Revolução (1917), criticou como o ensino sob o capitalismo reproduz a dominação das elites. Para Lênin, uma verdadeira educação revolucionária deveria ser parte integrante da ditadura do proletariado, preparando os trabalhadores para administrar o Estado socialista.
Outro ponto de destaque aparece em A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky (1918), onde Lênin observou que a intelectualidade burguesa, incluindo muitos professores, atuava como um obstáculo à revolução ao perpetuar ideologias que sustentavam a exploração capitalista. A solução, segundo ele, seria formar educadores comprometidos com a construção do socialismo.
Já em Sobre a Cooperação (1923), Lênin enfatizou a importância da educação técnica e politécnica, combinando teoria e prática para preparar os trabalhadores para diversas atividades produtivas. Esse modelo foi adotado na União Soviética, buscando formar cidadãos aptos a contribuir ativamente para o desenvolvimento socialista.
A precarização do trabalho docente no capitalismo era um reflexo desse controle ideológico da burguesia sobre a educação. Professores enfrentam baixos salários, jornadas exaustivas e desvalorização social, enquanto o ensino é reduzido a uma mercadoria, tratado como um produto a ser consumido. Essa lógica mercadológica impõe uma sobrecarga emocional e física aos docentes, impedindo que desempenhem seu papel de formar cidadãos críticos.
Em São Paulo, a situação dos professores temporários evidencia ainda mais essa precarização. A contratação intermitente gera instabilidade, impedindo a continuidade do trabalho pedagógico e reduzindo os salários em relação aos efetivos. A gestão educacional, influenciada por políticas neoliberais, usa esse modelo para fragilizar a categoria e dificultar sua organização sindical.
A repressão política contra professores também se tornou uma realidade concreta, refletindo um projeto autoritário de controle sobre a educação. Censura em sala de aula, intimidação e criminalização de professores críticos são práticas que visam impedir qualquer resistência à mercantilização do ensino. Essa ofensiva busca eliminar qualquer perspectiva emancipatória na educação, restringindo o ensino a conteúdos tecnicistas e esvaziados de reflexão social.
Esses fatos confirmam a análise de Lênin sobre a educação no capitalismo: ao invés de servir à emancipação, a escola torna-se um instrumento de dominação ideológica. Professores precarizados e perseguidos encontram-se limitados na sua capacidade de transformar a realidade. Somente uma ruptura radical com essa estrutura pode permitir que o ensino cumpra sua verdadeira função na construção do socialismo.
A visão de Lênin sobre a educação permanece atual. Para ele, os professores não deveriam ser apenas transmissores de conhecimento, mas agentes da transformação política. Suas ideias moldaram as políticas educacionais dos países socialistas e seguem sendo objeto de estudo entre marxistas comprometidos com a luta revolucionária.
Referências
LÊNIN, Vladimir Ilitch. O Estado e a Revolução. São Paulo: Hucitec, 1979.
______. As Tarefas das Juventudes Comunistas. In: ______. Obras Escolhidas em Três Tomos. v. 3. São Paulo: Alfa-Omega, 1980a.
______. Sobre a Cultura Proletária. In: ______. Obras Escolhidas em Três Tomos. v. 3. São Paulo: Alfa-Omega, 1980b.
______. A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky. In: ______. Obras Escolhidas em Três Tomos. v. 3. São Paulo: Alfa-Omega, 1980c.
______. Sobre a Cooperação. In: ______. Obras Escolhidas em Três Tomos. v. 3. São Paulo: Alfa-Omega, 1980d.
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