Humanismo e Liberalismo: A Ganância da Burguesia e a
Venda à Causa do Opressor na Militância Paga e Não Paga da Esquerda Brasileira
Introdução
A militância política é um pilar fundamental da luta social
e dos movimentos por justiça e igualdade. No contexto da esquerda brasileira, a
militância tem sido historicamente movida pela paixão e pelo compromisso com
causas maiores. Contudo, a realidade contemporânea apresenta desafios que
exigem uma reflexão crítica sobre a natureza e a prática da militância,
especialmente no que se refere à profissionalização e à remuneração dos
militantes. Este fenômeno pode ser visto como um reflexo das dinâmicas do neoliberalismo,
onde a ganância se torna um princípio orientador, levando a uma venda da causa
do oprimido em favor da lógica do opressor.
Objetivo da Política
Este artigo tem como objetivo analisar e estabelecer
diretrizes para a militância na esquerda brasileira, levando em conta o papel
da militância paga e suas implicações éticas, sociais e políticas. O foco está
em promover uma reflexão profunda sobre a militância autêntica, a necessidade
de manter os valores de compromisso e dedicação que caracterizaram as lutas do
passado, e o risco de se participar de um jogo político do opressor de direita.
Partidos socialistas frequentemente veem o parlamento
burguês como um espaço que corrompe o militante, desvirtuando suas intenções e
distanciando-o das lutas populares.
Contexto Histórico
Historicamente, a militância na esquerda brasileira era
marcada pela dedicação incondicional à causa. Militantes arriscavam suas vidas,
confrontando regimes autoritários e lutando contra a opressão, defendendo os
direitos dos marginalizados. Figuras como Carlos Marighella e Luiz Carlos
Prestes simbolizam uma era em que a luta era motivada por ideais de liberdade,
justiça social e igualdade. As gerações passadas mostraram que a militância
eficaz não se mediava em termos financeiros, mas sim em sacrifício pessoal e
relação com a comunidade. Esse espírito de entrega foi fundamental para
conquistas sociais significativas, como a redemocratização do Brasil e a
promoção dos direitos humanos (LIMA, 2019; SILVA, 2020).
Contudo, no cenário atual, muitos militantes se veem
seduzidos por um liberalismo que promete recompensas financeiras imediatas,
resultando em uma participação que se afasta das verdadeiras causas sociais. O
neoliberalismo, ao priorizar o individualismo e a lógica do mercado, faz com
que alguns militantes vendam suas convicções, alinhando-se à burguesia e ao
opressor, em detrimento das lutas históricas da classe trabalhadora. Embora a
militância possa acreditar na luta não institucional, ela ainda participa da
esfera institucional como um fórum de denúncias. Isso ocorre porque candidatos
de partidos revolucionários geralmente não conseguem se eleger na democracia
burguesa; e quando um deles consegue esse feito, rapidamente é cooptado para
servir aos interesses das classes dominantes.
Crítica à Militância Paga
A presença de militantes pagos levanta questões cruciais que
merecem ser discutidas:
·
Autenticidade da Luta: A
profissionalização da militância pode gerar distanciamento entre o militante e
as causas que defende. A certeza de um salário fixo pode enfraquecer o senso de
urgência e sacrifício pessoal pela causa, prejudicando a autenticidade do
movimento (OLIVEIRA, 2021).
·
Desvinculação com as Bases: Militantes
remunerados podem se tornar menos acessíveis às comunidades que representam. A
conexão direta com as questões e lutadores da base pode ser comprometida quando
a militância é vista como uma profissão, em vez de uma vocação (MELLO, 2022).
·
Instrumentalização da Luta: Quando a
militância é cooptada por interesses financeiros, corre-se o risco de a luta
por justiça social ser instrumentalizada. Projetos e ações podem ser adaptados
para atender exclusivamente às demandas de financiamento, em vez de se
concentrarem nas necessidades reais das comunidades (PEREIRA, 2023).
- Erosão
de Valores: A transformação da militância em uma prática remunerada
pode provocar uma erosão dos valores fundamentais de solidariedade e
altruísmo que historicamente caracterizaram a esquerda (GOMES, 2024).
- Venda
à Causa do Opressor: A busca por reconhecimento e apoio financeiro
pode levar a um comprometimento das lutas sociais, onde militantes, ao se
alinharem com a burguesia, reforçam a estrutura de opressão em vez de
combatê-la.
Militância da
Esquerda Brasileira
- Fomento
à Militância Voluntária: Incentivar práticas de militância voluntária,
valorizando o compromisso pessoal e a solidariedade entre os membros. A
militância deve ser vista como uma questão de cidadania e não de ocupação
profissional.
- Fortalecimento
das Bases: As ações políticas devem estar sempre ancoradas nas
realidades e necessidades das comunidades. É essencial garantir que os
militantes estejam conectados e enraizados nas lutas sociais.
- Ética
e Transparência: Qualquer forma de remuneração na militância deve ser
discutida abertamente, com um compromisso claro com a ética e a
transparência em relação às fontes de financiamento e seus impactos nas
ações militantes.
- Educação
e Formação Política: Promover programas de formação política que
incentivem o entendimento crítico da militância, abordando questões éticas
e históricas, e relembrando os valores que guiaram as lutas passadas.
- Valorização
do Sacrifício Coletivo: Reforçar a importância da luta coletiva e do
sacrifício em prol de um bem maior, resgatando a essência da militância
que fez história no Brasil.
A militância paga, se não ponderada com cuidado, pode
desvirtuar os princípios centrais que fundamentam a luta da esquerda
brasileira. A reflexão crítica sobre o passado nos fornece a base necessária
para moldar um futuro em que a militância continue a ser uma expressão genuína
de compromisso social, solidariedade e luta por justiça. Ao resgatar a essência
do ativismo autêntico, poderemos honrar aqueles que deram suas vidas em prol de
um Brasil mais justo e igualitário, evitando a armadilha da participação em um
jogo político que serve apenas aos interesses da direita neoliberal e da
burguesia.
Referências
GOMES, A. A erosão dos valores na militância política.
Revista Brasileira de Sociologia, v. 45, n. 3, p. 251-267, 2024.
LIMA, R. Militância e luta social no Brasil: história e
perspectivas. São Paulo: Editora Brasiliense, 2019.
MELLO, C. Militantes pagos e a desvinculação das bases.
Cadernos de Ciências Humanas, v. 27, n. 1, p. 99-114, 2022.
OLIVEIRA, J. A autenticidade da luta na era da
profissionalização. Jornal de Estudos Políticos, v. 15, n. 4, p. 83-97,
2021.
PEREIRA, T. Instrumentalização da militância: um perigo à
vista. Estudos em Direitos Humanos, v. 10, n. 2, p. 45-59, 2023.
SILVA, F. A luta e o sacrifício: uma análise histórica da
militância brasileira. História da Resistência, v. 22, n. 2, p. 113-132,
2020.
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