Análise Sociológica de Durkheim a Marx e Reflexões Contemporâneas
O suicídio, especialmente entre jovens e adolescentes, é um fenômeno social de extrema gravidade que tem atraído a atenção de sociólogos e estudiosos desde o século XIX. A partir das contribuições de Émile Durkheim, que estabeleceu as bases da sociologia moderna, até as críticas de Karl Marx ao capitalismo, podemos observar diferentes interpretações sobre os fatores que levam ao ato do suicídio.
Durkheim, em sua obra O Suicídio, argumenta que o suicídio não pode ser compreendido apenas como um fenômeno individual, mas deve ser visto dentro de um contexto social. Ele categoriza o suicídio em tipos, sendo um deles o suicídio anômico, que ocorre em situações onde a sociedade passa por crises ou mudanças rápidas, deixando os indivíduos desorientados e sem normas claras para seguir . Para Durkheim, o enfraquecimento dos laços sociais e a perda de coesão social são fatores cruciais que podem levar ao aumento das taxas de suicídio.
Por outro lado, Karl Marx, apesar de não ter tratado diretamente do suicídio em seus textos, fornece uma base teórica importante para compreender como as dinâmicas de exploração e alienação no capitalismo podem levar ao desespero e, em alguns casos, ao suicídio. Marx argumenta que o sistema capitalista aliena o trabalhador de sua própria essência, de seu trabalho e de seus semelhantes. Essa alienação pode gerar sentimentos de vazio existencial, que, em situações extremas, levam ao suicídio. A sociedade capitalista, com sua estrutura baseada na competição e no individualismo, fomenta esse isolamento, enquanto em uma sociedade socialista, onde os indivíduos são livres da exploração, esses fatores seriam mitigados .
O Crescimento do Suicídio Entre Jovens e Adolescentes em São Paulo
Na cidade de São Paulo, o aumento das taxas de suicídio entre jovens é alarmante. De acordo com dados recentes, houve um crescimento de 40% nas taxas de suicídio entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos
. Esses números refletem uma realidade nacional e indicam que as pressões sociais e econômicas, agravadas pela falta de perspectivas de futuro, estão afetando profundamente a saúde mental dessa faixa etária.Diversos fatores contribuem para esse aumento, entre eles o isolamento social, a pressão por desempenho escolar e o impacto das redes sociais, que muitas vezes reforçam sentimentos de inadequação e baixa autoestima. Especialistas alertam que, embora a saúde mental seja um fator importante, é errado pensar que todos os casos de suicídio estão ligados exclusivamente a doenças mentais. O contexto social mais amplo, caracterizado por desigualdades e falta de apoio, desempenha um papel significativo
.A pandemia de Covid-19, que exacerbou o isolamento e trouxe incertezas quanto ao futuro, também não ajudou a melhorar esse cenário. O impacto dessas crises sócio-sanitárias sobre a juventude destaca a necessidade urgente de políticas públicas focadas em saúde mental, que priorizem a prevenção e o tratamento de transtornos psicológicos.
Repensando a Competição e o Suicídio em Sociedades Capitalistas
Para abordar efetivamente o problema do suicídio, é necessário repensar os valores que orientam nossas sociedades. O capitalismo incentiva uma competição constante que vai além do campo esportivo. Desde a infância, os jovens são submetidos à lógica competitiva por notas, empregos e reconhecimento social. Essa competição muitas vezes gera ansiedade, estresse e, em casos extremos, o suicídio. A cultura capitalista transforma o fracasso individual em uma falha pessoal, e não em uma consequência de um sistema que gera exclusão e desigualdade.
Marx e Engels, em suas análises sobre o capitalismo, argumentam que esse sistema cria uma alienação que desumaniza o trabalhador. No capitalismo, os indivíduos são forçados a competir incessantemente, o que resulta em um esgotamento emocional e em uma falta de pertencimento. Em contraste, o socialismo científico propõe uma sociedade onde a competição entre indivíduos é substituída pela cooperação e a busca pelo bem comum. No socialismo, a exploração do homem pelo homem desaparece, e a base da sociedade é a igualdade de direitos e deveres entre todos os cidadãos .
Uma sociedade socialista, como defendida por Marx e Engels, elimina as pressões impostas pela competição capitalista, oferecendo um ambiente onde cada indivíduo pode se realizar plenamente sem a constante ameaça da exclusão social. Ao remover os fatores que levam à alienação e ao desespero, o socialismo tem o potencial de reduzir drasticamente as taxas de suicídio.
Conclusão
O suicídio, especialmente entre jovens, é uma questão que precisa ser abordada de maneira estrutural. Os valores capitalistas de competição e individualismo exacerbado contribuem significativamente para a criação de um ambiente que leva muitos jovens ao desespero. No entanto, um modelo de sociedade baseado na cooperação e igualdade, como proposto pelo socialismo científico, pode não apenas salvar vidas, mas também promover uma sociedade mais justa e humana, onde todos tenham a oportunidade de viver com dignidade e propósito.
Referências:
- DURKHEIM, Émile. O Suicídio. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
- MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2010.
- Jornal da USP. Cresce em 40% o número de suicídios entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. 2019
- Jorna da USP
. - Ministério da Saúde. Mapa da Violência: Análise sobre o Suicídio no Brasil. 2022
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