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"Como é estranho ser humano nessas horas de partida- Cosas da Vida"

 


Rita Lee in memoriam 

A música Cosas da Vida de Rita Lee  se desenrola com algo profundamente humano na forma como Rita Lee nos guia por um percurso tão íntimo quanto universal. A cada verso, ela parece nos lembrar da inevitabilidade do envelhecimento, daquela estranheza que se instala no peito quando percebemos que o tempo não para – e que nós também não temos como parar com ele.

A picada e a estrada, com suas imagens tão simples, soam como metáforas vivas dos desafios que nos machucam e moldam, das decisões que tomamos mesmo sem saber aonde vão nos levar. Caminhamos, às vezes hesitantes, outras vezes quase correndo, mas sempre carregando as marcas do que ficou para trás. É a jornada que nos define – e não o destino.

Mas então vem a grande avenida, e ela não é só uma promessa. É a vida em sua plenitude, mas também o fim dela, quando finalmente nos confrontamos com o mistério do que está além. A grande avenida é o encontro com o desconhecido, aquele ponto final inevitável que todos tememos, mas que, ao mesmo tempo, carrega uma estranha sensação de alívio.

E é nessa hora, na partida, que a estranheza de ser humano atinge o seu ápice. Como nos despedimos de tudo o que conhecemos, de todas as histórias que construímos? Como encaramos a finitude quando passamos tanto tempo fingindo que ela não existe? Rita não nos oferece respostas ou lições – apenas nos convida a sentir.

A música toma uma tonalidade onírica, quase como um delírio lírico, onde a linha entre o real e o imaginário se dissolve. E no meio disso tudo, surge a sensação de que a vida, apesar de sua dureza, é como um quadro em constante transformação, onde o caos é a única verdade. O fim não é uma linha reta, mas uma curva que se desfaz em cores e formas que se alteram sem parar.

A repetição do refrão "Ah, são coisas da vida" e a indecisão entre ir ou ficar refletem a ambiguidade dos sentimentos humanos e a aceitação das dualidades da existência. Rita Lee, conhecida por sua habilidade de misturar poesia e rock, entrega nesta música uma mensagem que ressoa com a universalidade das experiências humanas, marcada por sua voz característica e interpretação emotiva.

Talvez seja isso que "Cosas da Vida" represente: um retrato honesto daquilo que somos, com todos os seus brilhos e sombras. Um instante de silêncio diante do inevitável, onde a única certeza é que, por mais estranho que seja, ser humano é aceitar que tudo chega ao fim.

By : Prof. Marxcello Crowley


https://open.spotify.com/intl-pt/track/5I9ToztAXrpsRbgVh1H8Lu?si=42a06b68cd374532


https://www.youtube.com/watch?v=rrk0Bi7RwJU

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