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Manifesto do Blogue Caminho Luminoso das Ilusões Eleitorais: Contra as Eleições Burguesas e a Armadilha da Semi-Institucionalidade



Manifesto do Blogue Caminho Luminoso das Ilusões Eleitorais: Contra as Eleições Burguesas e a Armadilha da Semi-Institucionalidade

A emancipação da classe operária deve ser conquistada pela própria classe operária.Associação Internacional dos Trabalhadores. Estatutos Provisórios (1864).

As experiências históricas nos ensinam que a burguesia não concede espaço político sem garantir que ele sirva aos seus interesses. As eleições burguesas são um teatro onde as regras do jogo são determinadas por aqueles que controlam o capital, a força repressiva do Estado e os meios de comunicação. O tempo de luta semi-institucional demonstrou, de forma inegável, que não convém jogar com o sistema e suas cartas marcadas.

O Leninismo nos ensina que o parlamento burguês é um instrumento de domínio de classe. Lenin, ao tratar da questão eleitoral, deixou claro que a participação deve ser instrumental e tática, jamais um fim em si mesma. No entanto, no contexto histórico atual, a burguesia refinou seus métodos de cooptação e neutralização da luta revolucionária. Políticos que se afirmam socialistas, ao ingressarem no jogo eleitoral, são absorvidos pela lógica da manutenção do sistema. Quando não são diretamente corrompidos, são silenciados ou descartados.

As massas, iludidas com a esperança de mudança por dentro das instituições burguesas, são arrastadas para um ciclo interminável de decepção. A prática nos mostra que a revolução de nova democracia a caminho do socialismo não se dará através da farsa eleitoral, mas sim da organização independente do proletariado e do campesinato, fora do controle da burguesia e de suas instituições.

O parlamentarismo é uma armadilha, pois ao ingressar na arena institucional, a militância revolucionária perde sua força combativa, desviando suas energias para a gestão das contradições do próprio sistema burguês. O objetivo da luta revolucionária deve ser a destruição do Estado burguês e não sua gestão. A história ensina: não há via pacífica para o socialismo.

Assim, declaramos nossa oposição irrestrita ao engodo eleitoral. O tempo da semi-institucionalidade mostrou seus limites. Agora, o caminho é o da construção independente do poder popular, da organização revolucionária e da mobilização das massas contra o Estado burguês. Não há ilusões nas eleições!


Viva a luta revolucionária!

Viva o poder popular independente da burguesia!

Blogue Caminho Luminoso das Ilusões Eleitorais

O Brutal Desemprego de Professoras e Professores e a Precarização: A Luta dos Trabalhadores da Educação contra o Desmonte do Ensino Público

 EM DEFESA DA EDUCAÇÃO E CONTRA O AVANÇO DO FASCISMO NO ESTADO

A educação pública está sob ataque. O governo estadual, sob a liderança autoritária de Tarcísio de Freitas e seu braço repressivo, Capitão Derrite, avança de forma sistemática contra os direitos dos professores, contra a estabilidade dos trabalhadores da educação e contra o próprio direito da juventude a um ensino crítico e transformador. O desmonte promovido não é um acaso nem um efeito colateral de políticas mal planejadas — trata-se de um projeto deliberado para aniquilar a educação pública e transformá-la em um espaço de adestramento, voltado aos interesses do mercado e à manutenção do status quo.

O desemprego em massa de professores contratados é uma das faces mais brutais desse desmantelamento da educação. Trabalhadores traficantes, que dedicam suas vidas à formação das novas gerações, estão sendo descartados como suas experiências e seu compromisso com a educação não fazem valor. Essa prática desumana não é apenas um ataque ao emprego, mas à dignidade e ao direito ao trabalho de qualidade, fundamentais para o desenvolvimento de um país.

Mas o ataque vai além do salário e das condições de trabalho. Está em curso uma verdadeira ofensiva ideológica contra o pensamento crítico, e a principal estratégia utilizada é a redução da carga horária das disciplinas de humanas. Com isso, o governo tenta silenciar vozes históricas que propõem reflexões sobre a desigualdade, a opressão e as injustiças sociais. Ao diminuir a importância de disciplinas que tratam da história, filosofia, sociologia e artes, o governo tenta moldar uma juventude incapaz de questionar e transformar a realidade que a cerca, preparando-os apenas para o mercado de trabalho, mas não para a luta por justiça social.

Essa política de desmonte está atualizada ao avanço do neofascismo no Brasil e no mundo. O atual governo estadual representa esse projeto reacionário, que criminaliza professores, persegue sindicatos, estimula a repressão policial e derrota a autonomia pedagógica. O objetivo é claro: despolitizar a juventude, desmobilizar os trabalhadores e consolidar um modelo de sociedade onde a exploração e a desigualdade sejam naturalizadas. O ataque à educação é, assim, uma tentativa de apagar as lições do passado, de silenciar as vozes dos que lutam pela justiça e de apagar a memória histórica das lutas populares que construíram a democracia no Brasil.

Lembramos, também, das lições históricas que nos ensinam sobre o valor da educação em momentos de repressão. Durante a Ditadura Militar (1964-1985), o Brasil viveu um período de intensa censura e perseguição aos intelectuais. As universidades foram alvo de disciplinas políticas, os professores foram exilados ou presos, e a educação foi fortemente controlada pelo regime autoritário. As disciplinas de pensamento crítico foram ameaçadas, e o objetivo da ditadura era formar uma população submissa e alienada. Agora, como em um ciclo nefasto, tente repetir essa repressão, propondo um modelo educacional que visa a dominação ideológica e o afastamento da juventude dos ideais de liberdade, justiça e emancipação social.

Mas nossa luta não se limita à educação. Temos a obrigação moral e política de transformar o estado de coisas que nos afeta em todas as questões da sociedade. A opressão que atinge a educação é apenas uma das faces de um projeto maior de controle e exploração que visa desarticular todas as formas de resistência popular e os direitos conquistados ao longo de décadas de luta. A destruição da educação, a negação da saúde pública, a repressão ao direito à moradia digna, o ataque aos direitos trabalhistas e a exploração sem limites são todos elementos de uma mesma agressão que visa manter o poder nas mãos das elites, enquanto empurra a classe trabalhadora para a marginalidade.

Não podemos permitir que essa realidade se concretize. A educação é um pilar fundamental para a emancipação da classe trabalhadora e para a construção de uma sociedade justa. Por isso, a defesa da educação pública deve ser parte de uma luta mais ampla por uma mudança profunda em todas as questões sociais, pela transformação das condições de vida de todos os trabalhadores e pela construção de um futuro livre das amarras da exploração.

É hora de transformar nossa indignação em luta organizada! Os professores não podem ser calados, os estudantes não podem ser silenciados, e a sociedade não pode permitir que o projeto autoritário triunfe. Chamamos todos os educadores, estudantes e trabalhadores para se unirem nessa batalha. Não podemos permitir que nos roubem o direito a um ensino público de qualidade, que tentemos reduzir os professores a meros reprodutores de um conhecimento domesticado. Nossa missão é formar cidadãos críticos, conscientes e capazes de transformar a realidade.

A luta pela educação vai além de melhorias nas condições de trabalho. Nossa luta é pela liberdade, pela democracia, pela dignidade humana e pelo futuro da educação. Não aceitamos um ensino que nos prepare apenas para a submissão. Nossa missão é emancipar a classe trabalhadora, oferecendo uma educação que construa um mundo mais justo, solidário e igualitário. Unidos, organizados e mobilizados, seremos a resistência a esse projeto de destruição.

Nenhum passo atrás! Em defesa da educação, contra o fascismo e o desmonte do ensino público! E contra o desmonte de todas as conquistas sociais!


DÓRIA, Pedro. Fascismo à Brasileira: como o integralismo, maior movimento de extrema-direita da história do país, se formou e o que ele ilumina sobre o bolsonarismo . São Paulo: Companhia da

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o Autoritarismo Brasileiro . São P

STANLEY, Jason. Como Funciona o Fascismo: a política do 'nós' e 'eles' . São Paulo: L&PM Editores, 2018.

Educação e Violência: a Educação contra o Fascismo”. Disponível em: <https://www.redalyc.org/journal/848/84866249005/html .​​​​​​ ​Acesso em: [d

A educação frente à pandemia e ao fascismo: duros combates nos aguardam”. Disponível em: < https ://www .adunicamp .org .br /noticias /a -educacao -frente--a -pandemia -e -ao -fascismo -duros -combates -nos -aguardam/. Acesso em: [data de

Educação: O 'novo' fascismo com velhas táticas". Disponível em: <https://outraspalavras.net/m​​​/educacao-o -novo-fasci-com -vel-t


Restauração da Democracia Burguesa e A Nova Onda Neofascista e a Luta Popular na América Latina




O governo de Alberto Fujimori no Peru (1990-2000) representou um marco decisivo na ascensão de um modelo autoritário que, décadas depois, ressurgiu com força na América Latina e no mundo, adquirindo novas roupas, mas mantendo o mesmo espírito reacionário e antipopular. Seu regime pode ser visto como um laboratório para as táticas do neofascismo contemporâneo, como evidenciado nos governos de Jair Bolsonaro no

A ascensão de Fujimori se deu em um contexto de crise política e econômica, um ambiente fértil para discursos de ordem, repressão e neoliberalismo extremo. O autogolpe de 1992 consolidou sua estratégia autoritária, dissolvendo o Congresso e instaurando um governo de exceção que centralizou o poder no Executivo. A justificativa era combater o terrorismo, especialmente o Partido Comunista do Peru - Sendero Luminoso, mas a realidade mostrou uma perseguição sistemática a opositores, movimentos sociais e camponeses, com transparência flagrantes dos direitos humanos. O aparelho estatal foi transformado em uma máquina repressiva, sob o controle do Serviço de Inteligência Nacional, dirigido por Vladimiro Montesinos, que usou métodos de assassinato, desaparecimentos forçados e censura para silenciar

O modelo econômico de Fujimori antecipou a política ultraliberal adotada atualmente por Milei na Argentina. Suas reformas incluíram privatizações massivas, destruição de direitos trabalhistas e entrega de recursos nacionais ao capital estrangeiro, aprofundando as desigualdades e gerando uma sociedade precarizada e vulnerável. No curto prazo, houve uma estabilidade artificial, mas ao custo de um desmonte completo das garantias sociais e do aprofundamento da dependência externa.

A manipulação do medo e do ódio como ferramenta política também foi um legado de Fujimori que ressurge nas novas ondas neofascistas. Ele construiu sua popularidade explorando a retórica da ameaça comunista e da necessidade de um Estado forte para manter a ordem. Essa estratégia foi utilizada por Bolsonaro no Brasil mesmo, que, ao longo de seu mandato, atacou sistematicamente as instituições democráticas, insuflou a violência contra minorias e exaltou a ditadura militar. O bolsonarismo não foi um mero acidente político, mas uma expressão concreta do neofascismo brasileiro, articulando o militarismo cia de governos como o de Milei na Argentina não pode ser vista como um fenômeno isolado. Trata-se da continuidade de um projeto de destruição dos direitos sociais e da democracia sob a fachada do combate à corrupção e ao comunismo. 

A história demonstra que a resistência popular é o único caminho para impedir a marcha do autoritarismo. No Peru, a luta contra Fujimori foi longa e difícil, mas levou à sua queda e posterior prisão por crimes contra a humanidade. O mesmo destino deve aguardar os representantes do neofascismo atual. A resposta ao avanço dessas políticas deve ser a mobilização das massas, a organização popular e a construção de alternativas revolucionárias que enfrentem não apenas os governos reagirem.


Referências Bibliográficas

  • GENTILI, Pablo; ALMEIDA, Fernando. Neofascismo na América Latina: A nova onda autoritária . São Paulo: Boitempo, 2022.
  • FILGUEIRAS, Luiz. Neoliberalismo, autoritarismo e o bolsonarismo no Brasil . São Paulo:
  • HOLLOWAY, John. Fascismo e neoliberalismo: As conexões entre crise e autoritarismo. Rio de Janeiro: Consequência, 2020.
  • GORENDER, Jacob. Combate nas trevas: A esquerda brasileira – das ilusões perdidas à luta armada . São Paulo: Ática, 1987.
  • PORTANTERO, Raul. Fujimorismo e autoritarismo na América Latina . Lima: Ed.
  • SOUSA, Jessé. A elite do atraso: Da escravidão à Bolsonaro . Rio de Janeiro: Leya, 20
  • MARINI, Ruy Mauro. Subdesenvolvimento e revolução . São Paulo: Expressão Popular

China: A Nova Superpotência e o Crepúsculo da Hegemonia Americana

 

A ascensão da China como primeira potência mundial e sua substituição dos Estados Unidos na liderança global são processos que se consolidam com cada avanço econômico, militar e tecnológico do país asiático. Desde a fundação da República Popular da China em 1949, sob a liderança de Mao Tse-Tung, o país passou por transformações profundas que o prepararam para esse momento histórico.

O Legado de Mao Tse-Tung e a Base da Ascensão Chinesa

A Revolução Chinesa e as reformas estruturais promovidas por Mao foram fundamentais para a construção de uma base sólida que permitiu à China emergir como uma potência global. A coletivização agrícola, a industrialização forçada e a erradicação do feudalismo forneceram o alicerce necessário para que o país pudesse, décadas depois, tornar-se o maior centro de produção e inovação do mundo. Ainda que as políticas de Mao tenham sido controversas, sua visão de uma China autônoma e forte economicamente permanece como um dos pilares da estratégia chinesa.

O pensamento maoísta influenciou diretamente a política externa do país, incentivando a independência econômica e a resistência à dominação ocidental. Esse espírito de autodeterminação seguiu como guia para os planejamentos do Partido Comunista Chinês (PCC), que, após as reformas de Deng Xiaoping, soube combinar crescimento econômico com manutenção do controle estatal.

A Supremacia Econômica Chinesa

Atualmente, a China já ultrapassa os Estados Unidos em diversos indicadores econômicos. Seu PIB, quando ajustado pelo poder de compra, já é o maior do mundo, e sua participação no comércio global continua a crescer. A Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI) demonstra sua capacidade de influenciar economicamente diversos continentes, consolidando Pequim como o principal motor do desenvolvimento global.

A industrialização chinesa, baseada em uma estratégia de inovação e domínio das cadeias produtivas, permitiu ao país tornar-se líder em tecnologia de ponta, incluindo inteligência artificial, 5G e produção de semicondutores. Com isso, Pequim reduz sua dependência de insumos ocidentais e, ao mesmo tempo, fortalece seu poder de barganha no cenário internacional.

A moeda chinesa, o yuan, também avança para desafiar a hegemonia do dólar. A ampliação do uso do yuan em transações internacionais e os acordos bilaterais com países que desejam reduzir a dependência do dólar demonstram o declínio do sistema financeiro dominado pelos Estados Unidos.

O Poder Militar e Geopolítico

A ascensão chinesa não se limita ao campo econômico. O Exército de Libertação Popular (ELP) passou por modernizações que o tornaram uma força militar altamente capacitada. O avanço tecnológico na área de mísseis hipersônicos, sistemas de defesa aérea e inteligência artificial aplicada ao setor bélico garante à China uma posição de destaque na corrida armamentista global.

Além disso, Pequim tem adotado uma política externa cada vez mais assertiva, especialmente na Ásia-Pacífico. O fortalecimento da presença chinesa no Mar do Sul da China e o avanço das relações estratégicas com a Rússia e países em desenvolvimento desafiam diretamente a influência norte-americana no cenário internacional.

O Declínio dos Estados Unidos

Os Estados Unidos enfrentam um declínio relativo devido a crises internas, polarização política e perda de competitividade industrial. A dependência de sua moeda e do sistema financeiro global tem sido contestada por diversas nações que buscam alternativas ao modelo liderado por Washington.

A guerra comercial entre China e EUA expôs a fragilidade da economia norte-americana, que depende fortemente da produção chinesa para abastecer seu próprio mercado. Além disso, o esgotamento do modelo neoliberal e a crescente desigualdade social dentro dos EUA enfraquecem a capacidade do país de manter sua influência no mundo.

Conclusão

A transição para um mundo multipolar, onde a China ocupa a posição de maior potência mundial, parece inevitável. O legado de Mao Tse-Tung continua a influenciar a estratégia de desenvolvimento do país, que soube adaptar-se às mudanças globais sem perder sua essência revolucionária.

O século XXI caminha para ser marcado pela consolidação do poder chinês, substituindo os Estados Unidos no domínio global e redefinindo as relações de força no cenário internacional. A história segue seu curso, e a China avança de forma irreversível para o topo da hierarquia mundial.


  • ARRIGHI, Giovanni. Adam Smith em Pequim: Origens e fundamentos do século XXI. São Paulo: Boitempo, 2008.
  • MEARSHEIMER, John J. The Tragedy of Great Power Politics. W. W. Norton & Company, 2014.
  • SHAMBAUGH, David. China Goes Global: The Partial Power. Oxford University Press, 2013.
  • DOS SANTOS, Theotonio. A Teoria da Dependência: Balanço e Perspectivas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
  • PANITCH, Leo; GINDIN, Sam. O Fim do Capitalismo Americano? Da Crise Financeira à Crise Global. São Paulo: Boitempo, 2020.

Artigos e Fontes Online

  • FERREIRA, Leonardo. "A ascensão da China no século XXI: desafios e perspectivas". Revista Brasileira de Política Internacional, 2021. Disponível em SciELO.
  • SMITH, Jeff. "China’s Belt and Road: Implications for Global Trade". Council on Foreign Relations, 2023. Disponível em CFR.
  • HUDSON, Michael. "The De-Dollarization of the World Economy". Global Research, 2022. Disponível em Global Research.
  • SHAMBAUGH, David. "China’s Soft Power Push". Foreign Affairs, 2020. Disponível em Foreign Affairs.

Yemanjá Branca de Classe Média - Apropriação da Umbanda pela claase média.



Yemanjá Branca da Classe Média: A Classe Média Dominando a Umbanda

A origem de Yemanjá remonta às regiões do Golfo do Benim e da Nigéria, onde é cultuada como uma divindade ligada às águas e à maternidade. Sua imagem, nas culturas africanas e nas religiões afro-brasileiras tradicionais, como o Candomblé, é a de uma mulher negra, forte e ancestral, carregando simbolismos profundos relacionados à proteção e à fertilidade. Entretanto, com a influência da branquitude na Umbanda contemporânea, Yemanjá foi criminosamente embranquecida, transformada em uma figura eurocentrada, associada a uma mulher branca, vestida de azul claro, muitas vezes confundida com Nossa Senhora, especialmente Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora dos Navegantes.

Esse embranquecimento não pode ser atribuído ao sincretismo religioso necessário para a sobrevivência das religiões afro-brasileiras no período colonial. Ao contrário, trata-se de um apagamento deliberado imposto pelas elites brancas que se apropriaram das práticas de matriz africana, distorcendo seus significados para torná-los mais palatáveis às camadas dominantes. Como Verger pontua em suas pesquisas, a incorporação de elementos cristãos e a remodelação das figuras sagradas africanas são estratégias de dominação cultural e apagamento identitário.

A Yemanjá da classe média e alta branca é um reflexo desse movimento. Ao ser transformada em uma entidade de feições europeias, seu vínculo com a história e a luta dos povos africanos escravizados no Brasil é deliberadamente apagado. Enquanto a imagem original de Yemanjá é reverenciada nos terreiros de Candomblé com Orikis, cantos sagrados iorubanos que exaltam sua força e ancestralidade, a versão deturpada da Umbanda branca a coloca sob a escuta de Ave-Marias e rituais católicos que não lhe pertencem.

A exaltação dessa versão embranquecida de Yemanjá implica em uma apropriação cultural que ignora e apaga a história de resistência das religiões afro-brasileiras. A imposição de uma Yemanjá branca e cristianizada é um reflexo do racismo estrutural que permeia a sociedade brasileira, demonstrando como a cultura negra é constantemente reformulada e higienizada para servir aos interesses da branquitude.

Portanto, compreender a origem e as transformações da imagem de Yemanjá é essencial para reconhecer a dinâmica racial e social que atravessa as religiões afro-brasileiras. Retomar a verdadeira identidade de Yemanjá, negra e ancestral, é um ato de resistência contra o apagamento histórico e o domínio branco sobre a espiritualidade afrodescendente.

Referências:

  • VERGER, Pierre. Orixás: Deuses Iorubas na África e no Novo Mundo. Corrupio, 2002.

  • MOURA, Clóvis. Dialética Radical do Brasil Negro. Expressão Popular, 2020.

  • PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. Companhia das Letras, 2001.

  • CONRAD, Robert Edgar. Os últimos anos da escravatura no Brasil: 1850-1888. Companhia das Letras, 2003.

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