Pesquisar este blog

Restauração da Democracia Burguesa e A Nova Onda Neofascista e a Luta Popular na América Latina




O governo de Alberto Fujimori no Peru (1990-2000) representou um marco decisivo na ascensão de um modelo autoritário que, décadas depois, ressurgiu com força na América Latina e no mundo, adquirindo novas roupas, mas mantendo o mesmo espírito reacionário e antipopular. Seu regime pode ser visto como um laboratório para as táticas do neofascismo contemporâneo, como evidenciado nos governos de Jair Bolsonaro no

A ascensão de Fujimori se deu em um contexto de crise política e econômica, um ambiente fértil para discursos de ordem, repressão e neoliberalismo extremo. O autogolpe de 1992 consolidou sua estratégia autoritária, dissolvendo o Congresso e instaurando um governo de exceção que centralizou o poder no Executivo. A justificativa era combater o terrorismo, especialmente o Partido Comunista do Peru - Sendero Luminoso, mas a realidade mostrou uma perseguição sistemática a opositores, movimentos sociais e camponeses, com transparência flagrantes dos direitos humanos. O aparelho estatal foi transformado em uma máquina repressiva, sob o controle do Serviço de Inteligência Nacional, dirigido por Vladimiro Montesinos, que usou métodos de assassinato, desaparecimentos forçados e censura para silenciar

O modelo econômico de Fujimori antecipou a política ultraliberal adotada atualmente por Milei na Argentina. Suas reformas incluíram privatizações massivas, destruição de direitos trabalhistas e entrega de recursos nacionais ao capital estrangeiro, aprofundando as desigualdades e gerando uma sociedade precarizada e vulnerável. No curto prazo, houve uma estabilidade artificial, mas ao custo de um desmonte completo das garantias sociais e do aprofundamento da dependência externa.

A manipulação do medo e do ódio como ferramenta política também foi um legado de Fujimori que ressurge nas novas ondas neofascistas. Ele construiu sua popularidade explorando a retórica da ameaça comunista e da necessidade de um Estado forte para manter a ordem. Essa estratégia foi utilizada por Bolsonaro no Brasil mesmo, que, ao longo de seu mandato, atacou sistematicamente as instituições democráticas, insuflou a violência contra minorias e exaltou a ditadura militar. O bolsonarismo não foi um mero acidente político, mas uma expressão concreta do neofascismo brasileiro, articulando o militarismo cia de governos como o de Milei na Argentina não pode ser vista como um fenômeno isolado. Trata-se da continuidade de um projeto de destruição dos direitos sociais e da democracia sob a fachada do combate à corrupção e ao comunismo. 

A história demonstra que a resistência popular é o único caminho para impedir a marcha do autoritarismo. No Peru, a luta contra Fujimori foi longa e difícil, mas levou à sua queda e posterior prisão por crimes contra a humanidade. O mesmo destino deve aguardar os representantes do neofascismo atual. A resposta ao avanço dessas políticas deve ser a mobilização das massas, a organização popular e a construção de alternativas revolucionárias que enfrentem não apenas os governos reagirem.


Referências Bibliográficas

  • GENTILI, Pablo; ALMEIDA, Fernando. Neofascismo na América Latina: A nova onda autoritária . São Paulo: Boitempo, 2022.
  • FILGUEIRAS, Luiz. Neoliberalismo, autoritarismo e o bolsonarismo no Brasil . São Paulo:
  • HOLLOWAY, John. Fascismo e neoliberalismo: As conexões entre crise e autoritarismo. Rio de Janeiro: Consequência, 2020.
  • GORENDER, Jacob. Combate nas trevas: A esquerda brasileira – das ilusões perdidas à luta armada . São Paulo: Ática, 1987.
  • PORTANTERO, Raul. Fujimorismo e autoritarismo na América Latina . Lima: Ed.
  • SOUSA, Jessé. A elite do atraso: Da escravidão à Bolsonaro . Rio de Janeiro: Leya, 20
  • MARINI, Ruy Mauro. Subdesenvolvimento e revolução . São Paulo: Expressão Popular

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça seu comentário, sua opinião é muito importante para nossa a nossa causa.

Manifesto do Blogue Caminho Luminoso das Ilusões Eleitorais: Contra as Eleições Burguesas e a Armadilha da Semi-Institucionalidade

Manifesto do Blogue Caminho Luminoso das Ilusões Eleitorais: Contra as Eleições Burguesas e a Armadilha da Semi-Institucionalidade A emancip...